Pontos de ônibus escuros demais...

Estava voltando da Reunião da Rede Sustentabilidade em Ribeirão Preto. Voltei de ônibus. Caminhar da Câmara até a Rodoviária e da Rodoviária ao ponto, atrás do CPP foi agradável, pela companhia dos amigos, Natália Marques e Danilo Borges. Não que o trecho da cidade seja bonito, longe disso! É que a companhia de pessoas queridas e em quem acreditamos faz bem e pode até transformar as coisas e o nosso olhar.

Quando me vi sozinha no ônibus, após bastante tempo sem pegar transporte público, comecei a ouvir reclamações de uma passageira sobre a demora do motorista, que havia deixado o ônibus parado dois pontos antes e, então, novamente, havia descido. Mas, não demoramos para sair. O ônibus estava vazio. Cerca de 21 h, noite escura.

Foi isso o que chamou minha atenção. Enquanto subíamos da baixada até o Ipiranga, Dutra, Geraldo de Carvalho, pude observar a escuridão em que mergulham aqueles que descem do ônibus, na maioria dos pontos. É tudo muito escuro! Em alguns lugares, há mato crescendo na calçada e no terreno à frente, tornando sombrio e perigoso o trajeto daqueles que estão chegando do trabalho ou da escola, cansados.

Escuridão, cansaço, reclamações... A vida de cada pessoa deveria ser mais amena e mais iluminada, ainda que, em meio a esforços próprios, estivessem conquistando o próprio sustento, buscando o próprio sonho. Acredito que a Justiça vai governar a Terra. Com todas as minhas forças. Acredito que, desde já, em meio a tanta injustiça, podemos praticar e promover Justiça em nossas áreas de influência e isso começa com emitir luz, de dentro pra fora de nós.

Sei que isso não basta.

Sei que há algum órgão ou instituição (ir)responsável pela iluminação das ruas da cidade. Sei que há autoridades que deveriam servir ao bem do povo pensando em coisas assim. Por isso, estou reunida ao povo que forma a Rede Sustentabilidade em Ribeirão, para juntos sermos uma alternativa para que mudanças ocorram desde aqui.

Sei que isso não basta.

Desci do ônibus num ponto menos escuro e caminhei um quarteirão até minha casa, pensando nessas coisas e renovando minha decisão de emitr luz com minha vida, de praticar a Justiça e de me juntar a outros que buscam alternativas para tornar nossa cidade uma cidade melhor, como estou certa que pode ser.

Isso basta? Talvez, não. Mas, representa um bom começo. E se Você que me lê se importar e se decidir como eu, este bom começo já poderá ser chamado de ...

... esperança.

E esperança é luz!

Jackeline Sarah

Escritora

Crédito da foto: © Keri Oberly/Aurora Open/Corbis