segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Torcida invadiu CTI do Corinthians

China, Japão, Grécia, Roma, respectivamente com seus treinos miltares, Kemari, Episkiros, Episkiros mais violentos, e suas bolas feitas de cabeças de inimigos, fibras de bambu, bexiga de boi cheia de areia ou terra. Desde 3000 aC ouvem-se relatos de jogos onde duas equipes de homens disputam por uma bola. O Soule ou Harpastacum, praticado na Idade Média, era violento e, por vezes, letal, e o gioco del calcio, na Itália, chegou a ser proibido pelo rei Eduardo II, por ser tão violento e fora do controle. Até que a nobreza se organizou e criou a figura de doze juízes e regras que não permitiam a violência. E foi este gioco del calcio não violento que chegou à Inglaterra do século XVII e foi organizado, sistematizado e jogado com sua bola de couro, cheia de ar.

O jogo chamado futebol não demorou muito a popularizar-se, pois trata-se de uma competição atraente. Hoje, espalhou-se por quase todas as Nações, regulamentado, tendo na FIFA a Federação que organiza o futebol no mundo.

É curioso saber que uma equipe inglesa, chamada Corinthians, foi a responsável por fazer excursões por toda a Europa, difundindo a prática do futebol. Curioso, porque é a partir do Corinthians brasileiro que estou escrevendo.

Digo a partir dele, porque não quero escrever exatamente sobre o Corinthians. Não há como negar que, um dos maiores clubes de futebol brasileiros, o Corinthians é responsável por muitas alegrias e sofrimentos para sua grande, talvez a maior, torcida. O que faz parte do jogo: torcer, vibrar, alegrar-se, entristecer-se, esperar pelo próximo jogo, torcer pela recuperação, festejar o campeonato... Coisas assim.

Infelizmente, não é isso o que está acontecendo atualmente. Não com relação ao Corinthians, que continua com a mesma força pra fazer vibrar de alegria ou chorar. O que não está acontecendo do modo certo diz respeito à torcida. Mas, não é a torcida feitas de pessoas que vão aos estádios com suas famílias, pra se divertir. É o que chamamos de torcida organizada. Problema organizado, neste caso.

Como se um mau momento do time justificasse, cem pessoas invadiram o Centro de Treinamento do Corinthians, no sábado (01-02-14), pela manhã, e agrediram funcionários, furaram o alambrado, roubaram objetos e violaram o patrimônio do Clube. Certamente, queriam as cabeças dos jogadores para chutar, como se estivessem na China Antiga e os seus inimigos se chamassem Pato ou Sheik...

Como disse o Presidente do Clube, se a invasão tivesse acontecido apenas alguns minutos depois, os jogadores teriam ficado expostos ao ataque. Como mostrou o apresentador do programa de esporte, atitudes assim causam indignação.

Se a ideia foi forçar que o time jogasse bem, o chute bateu na trave. Quase que o Corinthians não jogou no domingo contra a Ponte Preta e a possibilidade de uma greve de vários clubes ainda se aquece ao redor dos campos. 

Os jogadores não falam a respeito, mas, é claro, a situação entristece, decepciona, assusta, desmotiva. Os que amam o futebol de verdade, certamente estão torcendo com muita força pra que as autoridades brasileiras criem leis que coíbam comportamentos como o desta (dis)torcida organizada, que agiu de forma violenta e marginal.

Mano Menezes, aborrecido, repetiu sua frase, que mostra bem que cada um deve fazer o que se espera dele, seja quando se estiver perto do troféu, seja quando o rebaixamento acenar mais de perto. Tudo em nome do FUTEBOL, que traz diversão, torcida, alegria, lágrimas, mais torcida, mais alegria, mais lágrimas, mais diversão. E uma bola de couro cheia de ar. 

"Jogador joga, torcedor torce, dirigente dirige, imprensa faz cobertura. Se começarem a querer fazer um o trabalho do outro, o futebol se tornará em algo ruim." (Mano Menezes)

Se quiser mais detalhes, leia a reportagem na Veja.


Foto da reportagem na Veja. Torcedores abrem um buraco na grade e invadem o CT Corinthians antes do treino do time, em São Paulo (Rodrigo Gazzanel/Futura Press) 
Jackeline Sarah
Escritora

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